Neste episódio, eu e o José Travassos conversamos com o Pedro Pereira, um jovem médico de 28 anos nascido no coração da Beira Alta. O Pedro estudou medicina em Coimbra, e durante os estudos fez dois Erasmus. O primeiro na Polónia, em Wroclaw, e o segundo, um estágio na capital da Eslovénia, Ljubljana. Depois dos estudos, começou por exercer na Figueira da Foz mas ao fim de um ano rumou ao norte, para a ULS do São João no Porto, onde está a fazer o internato.
Os membros da IL mais atentos certamente reconhecerão o Pedro. Foi um dos fundadores do núcleo de Viseu, foi conselheiro nacional e é actualmente membro da Comissão Executiva, com o pelouro pelo Conhecimento Internacional.
Ora, como não podia deixar de ser, a nossa conversa começou pelo Serviço Nacional de Saúde. De acordo com o Pedro, o SNS sofre de vários problemas, a começar por uma má gestão e um pior planeamento, algo que também já tinha sido realçado pelo Alfredo Vieira num dos primeiros episódios que fizemos. Outra enfermidade do SNS é o uso e abuso das urgências hospitalares para substituir a falta de prestadores de cuidados primários, porque os cidadãos não têm outra opção. E por fim, o SNS parece incapaz de atrair e manter profissionais, sem os quais não pode haver SNS.
O Pedro reconhece que as reformas necessárias serão longas e duras, o que explica em parte que nenhum governo a inicie. Mas empurrar os problemas com a barriga é pior porque aumenta os custos das mudanças que terão que ser feitas.
Os detractores da IL ficarão desiludidos com o Pedro, porque ele não defende a extinção do SNS (a IL também não, diga-se de passagem) e até dá bons exemplos de gestão da coisa pública. Por exemplo, o Hospital de Gaia e as urgências metropolitanas no Porto, em que os vários hospitais públicos se coordenam para que a população tenha sempre todos os serviços de urgência abertos na região.
Na segunda parte da conversa, aproveitando a deixa dos Erasmus feitos pelo Pedro, falámos sobre a Europa e a actual emigração portuguesa. Mais jovem, mais qualificada e menos provável que retorne a Portugal. E o Pedro deu até o exemplo da Albânia, um país a braços com um êxodo de gente jovem, como um dos cenários possíveis para o futuro de Portugal. É possível que parte dos jovens portugueses que agora emigram, retornem e contribuam para uma mudança da mentalidade portuguesa. Temos exemplos de países europeus bastante pobres que conseguiram ultrapassar a pobreza crónica em poucas gerações. O Pedro dá o curioso exemplo da Finlândia, que Portugal ajudou nos anos 40 com uma recolha de alimentos e hoje é mais rica, e um exemplo recorrente de boas práticas públicas para Portugal.
Antes de terminar, gostaria de avisar que algumas partes da conversa têm uma má qualidade de som. Tentamos fazer o nosso melhor para limpar o som, mas nem sempre o pudemos fazer sem introduzir cortes significativos na conversar.